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3/10/23 às 14h10 - Atualizado em 3/10/23 às 14h10

Primeira ocorrência de Cria Pútrida Européia (CPE) é notificada no DF

A Seagri reforça a importância dos produtores se cadastrarem na secretaria e seguirem as recomendações sanitárias para o controle da doença.

 

Divulgação: CNA Brasil.

 

Em nota informativa, a Secretaria de Agricultura do Distrito Federal (Seagri) oficializou a primeira ocorrência de ‘Cria Pútrida Européia’ em um apiário no DF. Além de trazer a confirmação da suspeita e o diagnóstico, a nota também informa importantes orientações aos criadores de abelhas para prevenção e maior controle da doença, evitando sua disseminação. A Subsecretária de Defesa Agropecuária, Danielle Kalkmann,  reforça a questão do cadastro junto à secretaria e a manutenção do mesmo, “O Cadastro é importante, primeiro, para que o serviço de defesa agropecuária possa planejar ações de educação Sanitária nessas propriedades com treinamentos, visitas orientativas para evitar a disseminação e a entrada de doenças, principalmente daquelas de Notificação Obrigatória, como é o caso da CPE. Em caso de ocorrência de alguma doença emergencial, esse cadastro auxilia a traçar o raio de atuação da Defesa para fazer a contenção da doença, pois é necessário evitar que ela se dissemine e acabe dando mais prejuízo para os apicultores da região”, enfatiza a Subsecretária.

 

 

SOBRE A DOENÇA

 

A Cria Pútrida Européia (CPE), também conhecida como “Loque Européia”, é uma doença que obrigatoriamente precisa ser notificada à Seagri, é causada por uma bactéria, que afeta principalmente as crias de abelhas Apis mellifera. No entanto, já existem relatos de sua ocorrência em diversas espécies de abelhas nativas. A doença é endêmica e está distribuída em todo o território nacional, com focos confirmados nos estados do ES, BA, RN, SP, MT e, recentemente, em GO e MS. O nome comum da doença se deve ao fato de que as larvas infectadas são acometidas por infecções secundárias de outras bactérias que causam odores desagradáveis. As larvas das abelhas são infectadas quando abelhas nutrizes que entraram em contato com algum alimento contaminado utilizam o mesmo para alimentá-las.

 

 

CASO NO DF

 

Em uma notificação, recebida pelo Serviço Veterinário Oficial do Distrito Federal – SVO/DF, o proprietário, de um apiário do DF, relatou ter observado morte de crias de abelhas Apis mellifera com posição anormal das crias mortas, favos com falhas, além de enfraquecimento dos enxames, informando a suspeita da doença. No dia do atendimento foi confirmada a suspeita pela observação de crias mortas de coloração branco/opaca com posição anormal em vários quadros de cria de duas colmeias diferentes do apiário, ambas com população de abelhas abaixo do esperado. Foram colhidas amostras de favos com crias mortas das duas caixas afetadas e o material foi encaminhado ao Laboratório Especializado de Sanidade Apícola (LASA), em São Paulo. No dia 08 de agosto de 2023 foi identificada a presença da bactéria nas amostras coletadas, confirmando a presença da doença.

 

 

PRINCIPAIS SINTOMAS

 

Os principais sintomas observados nas larvas infectadas são mudanças na coloração e posição irregular dentro do casulo. As larvas com Loque Européia apresentam cor que varia do branco opaco, amarelo claro ou até marrom. Além disso, as larvas podem ter aparência flácida, desidratada, encolhida. Pode-se sentir um cheiro ácido, semelhante ao vinagre ou não apresentar cheiros específicos, dependendo do grau da infecção e comportamento higiênico da colmeia. Quando as larvas morrem depois da operculação, que é a proteção dos favos criada pela cera de abelha, aparecem opérculos escurecidos, afundados e/ou perfurados. Um dos sinais indicativos de infecção pela bactéria em Apis mellifera é a cria falhada ou salteada (casulos sem cria) no favo. No entanto, somente a cria salteada não pode ser utilizada para determinar a infecção por Loque Européia, uma vez que outras doenças ou problemas na colônia também podem ocasionar falhas nas áreas de cria.

 

 

ORIENTAÇÕES

 

Para controle do foco da doença, foi reforçado com o produtor que não há antibiótico autorizado no Brasil para o controle da doença em abelhas, e que por isso a prevenção e os cuidados para não disseminação precisam ser seguidos à risca. Por isso, se deve:

  • Notificar imediatamente à Defesa Agropecuária em casos suspeitos de ocorrência da doença, para investigação e confirmação. A detecção precoce da doença possibilita a adoção de medidas de controle que diminuem sua disseminação, reduzindo diretamente o impacto dentro do apiário/meliponário e em toda a cadeia de produção.
  • Cadastrar e manter atualizado o cadastro do apiário/meliponário junto ao órgão de Defesa Agropecuária na SEAGRI/DF.
  • Inspecionar com regularidade as colônias quanto a integridade e aparência dos favos e células de crias observando se há presença de crias mortas, em posição anormal e quadros com cria falhadas.
  • Remover os quadros ou discos de crias afetados com a doença.
  • Desinfetar ou substituir as caixas acometidas por estruturas novas.
  • Caso opte pelo reaproveitamento das caixas, elas devem ser esterilizadas utilizando-se uma vassoura de fogo, ou mergulhando as peças em parafina a 160ºC durante 10 minutos, ou em solução de hipoclorito de sódio a 0,5% durante 20 minutos.
  • Trocar rainha suscetível por outra mais resistente, proveniente de colônia não afetada pela doença, com bom comportamento higiênico.
  • Desinfectar com cuidado os materiais, ferramentas e utensílios, principalmente os de uso comum, como luvas, formão e fumigadores. A desinfecção poderá ser feita com fogo, ou com hipoclorito de sódio misturando 50mL de água sanitária (2,5% de hipoclorito de sódio) em 10L de água limpa.
  • Conhecer a origem da suplementação energética e/ou proteica, devendo-se evitar a suplementação de abelhas nativas com o pólen e mel de abelhas do gênero Apis.
  • Movimentar somente colmeias sadias e com Guia de Trânsito Animal (GTA), para evitar a disseminação de doenças e possibilitar a rastreabilidade da movimentação.

 

Confira aqui a Nota Informativa na íntegra a respeito da Primeira Ocorrência de Cria Pútrida Europeia (CPE) em abelhas Apis mellifera no Distrito Federal.